quinta-feira, 8 de março de 2012

Critérios para o parto domiciliar.


Em que lugar uma mulher deve dar à luz? Pode-se afirmar com segurança que uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura, e no nível mais periférico onde a assistência adequada for viável e segura (FIGO, 1992). No caso de uma gestante de baixo risco, este local pode ser a sua casa, uma maternidade ou centro de parto de pequeno porte, ou talvez a maternidade de um hospital de maior porte. Entretanto, deve ser um local onde toda a atenção e cuidados estejam concentrados em suas necessidades e segurança, o mais perto possível de sua casa e de sua própria cultura. Se o parto ocorrer no domicílio ou num centro de parto periférico pequeno, as providências pré-natais devem incluir planos para acesso a um centro de referência (OMS, 1996).
Estudos realizados comparando efeitos do trabalho de parto e do parto em instituições não hospitalares, isto é, casas de parto ou domicílios, com partos em instituições hospitalares convencionais, demonstraram não haver maiores riscos de mortalidade perinatal e materna nos partos em instituições não hospitalares (OMS, 1996).
A escolha de um parto domiciliar ou hospitalar é muito individual e pessoal para uma mulher, com bases em suas próprias prioridades e valores... As mulheres que não têm contra-indicações para um parto domiciliar planejado, com assistência e meios para transferência imediata para um hospital se necessário, não devem ser impedidas disso (Enkin et al, 2000).

Para ser considerada uma gestante de baixo risco, a mulher não poderá ser portadora de doenças como:
·                    Hipertensão Arterial
·                    Diabetes
·                    Cardiopatias
·                    Pneumopatias (ex. asma, pneumonia, tuberculose ...)
·                    Problemas neurológicos e psiquiátricos
·                    Problemas hematológicos (ex. anemia grave, trombocitopenia, talassemia, ...)
·                    Problemas renais (ex. doença renal crônica, glomerulopatias, ...)
·                    Infecções gerais e Doenças Sexualmente Transmissíveis (ex. sífilis, rubéola, toxoplasmose, citomegalovirose, ...)

Para ser considerada uma parturiente de baixo risco, a mulher não poderá estar apresentando complicações como:
·                    Gestação com tempo menor que 37 semanas ou maior que 42 semanas
·                    Pré-eclâmpsia
·                    Líquido amniótico meconial
·                    Sangramento vaginal
·                    Febre ou outros sinais de infecção
·                    Gestação gemelar
·                    Apresentações anômalas (ex. face, nádega, e ombro)
·                    Peso fetal estimado maior que 4000 gramas
·                    Peso fetal estimado menor que o esperado para a idade gestacional
·                    Cirurgias anteriores no útero (haverá uma seleção minuciosa das mulheres que sofreram uma cesarea e mesmo assim querem o parto domiciliar)
·                    Bacia estreita ou assimétrica
·                    Anormalidades no volume de líquido amniótico
·                    Anormalidades dos parâmetros de bem estar fetal
·                    Anormalidades na contratilidade uterina
·                    Suspeita de malformação congênita
·                    Isoimunização materno-fetal

Considerando que a avaliação de risco é um procedimento realizado continuamente durante o trabalho de parto, parto e após o parto, é importante que a mulher saiba das possibilidades de riscos imprevisíveis, que ocorrendo podem necessitar de uma transferência para o hospital de referência. São eles:
·                    Anormalidades da contratilidade uterina
·                    Trabalho de parto prolongado
·                    Parada de progressão do trabalho de parto
·                    Anormalidades da freqüência cardíaca fetal
·                    Prolapso de cordão umbilical
·                    Hemorragia durante ou após o parto
·                    Retenção de tecidos placentários
·                    Lacerações perineais de 3º ou 4º graus
·                    Hematomas perineais
·                    Outros

Considerando que podem ocorrer também intercorrências neonatais que justifiquem uma transferência, é importante conhecer estas possibilidades. São elas:
·                    Desconforto respiratório
·                    Sinais de infecção (ex. febre, palidez cutânea, sucção débil, letargia...).
·                    Icterícia neonatal precoce
·                    Malformações congênitas graves
·                    Outras anormalidades detectadas ao exame físico

A mulher e seus familiares devem conversar com os profissionais de saúde que estão realizando os cuidados pré-natais, para que sejam esclarecidos em suas dúvidas e para que possam ser aconselhados em suas decisões. Também consideramos importante o preenchimento do plano de parto, para que possamos conhecer os desejos e expectativas em relação à vivência do parto.

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PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE ASSISTÊNCIA AO PARTO DOMICILIAR

Mirian Rego
Nagela Cristine
Nelci Muller
Odete Pregal
Sibylle Emilly

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