Em que lugar uma mulher deve dar à luz? Pode-se afirmar com segurança que uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura, e no nível mais periférico onde a assistência adequada for viável e segura (FIGO, 1992). No caso de uma gestante de baixo risco, este local pode ser a sua casa, uma maternidade ou centro de parto de pequeno porte, ou talvez a maternidade de um hospital de maior porte. Entretanto, deve ser um local onde toda a atenção e cuidados estejam concentrados em suas necessidades e segurança, o mais perto possível de sua casa e de sua própria cultura. Se o parto ocorrer no domicílio ou num centro de parto periférico pequeno, as providências pré-natais devem incluir planos para acesso a um centro de referência (OMS, 1996).
Estudos realizados comparando efeitos do trabalho de parto e do parto em instituições não hospitalares, isto é, casas de parto ou domicílios, com partos em instituições hospitalares convencionais, demonstraram não haver maiores riscos de mortalidade perinatal e materna nos partos em instituições não hospitalares (OMS, 1996).
A escolha de um parto domiciliar ou hospitalar é muito individual e pessoal para uma mulher, com bases em suas próprias prioridades e valores... As mulheres que não têm contra-indicações para um parto domiciliar planejado, com assistência e meios para transferência imediata para um hospital se necessário, não devem ser impedidas disso (Enkin et al, 2000).
Para ser considerada uma gestante de baixo risco, a mulher não poderá ser portadora de doenças como:
· Hipertensão Arterial
· Diabetes
· Cardiopatias
· Pneumopatias (ex. asma, pneumonia, tuberculose ...)
· Problemas neurológicos e psiquiátricos
· Problemas hematológicos (ex. anemia grave, trombocitopenia, talassemia, ...)
· Problemas renais (ex. doença renal crônica, glomerulopatias, ...)
· Infecções gerais e Doenças Sexualmente Transmissíveis (ex. sífilis, rubéola, toxoplasmose, citomegalovirose, ...)
Para ser considerada uma parturiente de baixo risco, a mulher não poderá estar apresentando complicações como:
· Gestação com tempo menor que 37 semanas ou maior que 42 semanas
· Pré-eclâmpsia
· Líquido amniótico meconial
· Sangramento vaginal
· Febre ou outros sinais de infecção
· Gestação gemelar
· Apresentações anômalas (ex. face, nádega, e ombro)
· Peso fetal estimado maior que 4000 gramas
· Peso fetal estimado menor que o esperado para a idade gestacional
· Cirurgias anteriores no útero (haverá uma seleção minuciosa das mulheres que sofreram uma cesarea e mesmo assim querem o parto domiciliar)
· Bacia estreita ou assimétrica
· Anormalidades no volume de líquido amniótico
· Anormalidades dos parâmetros de bem estar fetal
· Anormalidades na contratilidade uterina
· Suspeita de malformação congênita
· Isoimunização materno-fetal
Considerando que a avaliação de risco é um procedimento realizado continuamente durante o trabalho de parto, parto e após o parto, é importante que a mulher saiba das possibilidades de riscos imprevisíveis, que ocorrendo podem necessitar de uma transferência para o hospital de referência. São eles:
· Anormalidades da contratilidade uterina
· Trabalho de parto prolongado
· Parada de progressão do trabalho de parto
· Anormalidades da freqüência cardíaca fetal
· Prolapso de cordão umbilical
· Hemorragia durante ou após o parto
· Retenção de tecidos placentários
· Lacerações perineais de 3º ou 4º graus
· Hematomas perineais
· Outros
Considerando que podem ocorrer também intercorrências neonatais que justifiquem uma transferência, é importante conhecer estas possibilidades. São elas:
· Desconforto respiratório
· Sinais de infecção (ex. febre, palidez cutânea, sucção débil, letargia...).
· Icterícia neonatal precoce
· Malformações congênitas graves
· Outras anormalidades detectadas ao exame físico
A mulher e seus familiares devem conversar com os profissionais de saúde que estão realizando os cuidados pré-natais, para que sejam esclarecidos em suas dúvidas e para que possam ser aconselhados em suas decisões. Também consideramos importante o preenchimento do plano de parto, para que possamos conhecer os desejos e expectativas em relação à vivência do parto.
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PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE ASSISTÊNCIA AO PARTO DOMICILIAR
Mirian Rego
Nagela Cristine
Nelci Muller
Odete Pregal
Sibylle Emilly